(Português do Brasil) Doutorando do PGTA concede entrevista sobre seu período no MIT
Manoel Lucas Machado Xavier retornou em 2017 do renomado Massachusetts Institute of Technology (MIT). Ele faz parte do Programa de Pós-Graduação em Tecnologias Ambientais (PGTA) da UFMS e realizou realizou parte de seu doutorado nos Estados Unidos. Manoel está usando simulações computacionais e experimentos de laboratório para entender os processos que ocorrem no interior wetlands construídos urbanos e, assim, propor diretrizes de projeto que serão utilizadas para projetar wetlands urbanas construídas nas cidades de Los Angeles e Houston, Estados Unidos. No Brasil, o projeto é orientado por Johannes Gérson Janzen, coordenador do Laboratório CFD-UFMS e do PGTA; nos Estados Unidos, o doutorado é orientado pela professora Heidi Nepf. Manoel permaneceu um ano nos Estados Unidos realizando parte de suas pesquisas. De volta ao Brasil, ele continua realizando seu trabalho no Laboratório CFD-UFMS e compartilha com a comunidade acadêmica e profissional parte de sua experiência na entrevista a seguir.
Qual foi seu objetivo neste tempo no MIT?
Realizar experimentos físicos e computacionais com o intuito de desenvolver conhecimento a respeito da hidrodinâmica e de aspectos de qualidade de água de wetlands flutuantes com o objetivo de tratar água de chuva.
Qual foi o seu aspecto favorito nesta estadia?
Trabalhar com uma cientista do nível da professora Heidi Nepf (a professora que me propôs o projeto e que me co-orienta na minha tese de doutorado).
De que forma esse período no MIT ajudou na sua formação como pesquisador?
A interação com pesquisadores de todas as partes do mundo (não apenas americanos) foi muito frutífera no aspecto de observar como eles abordam problemas similares aos nossos. Também tive a oportunidade de interagir não apenas com o Departamento de Engenharia Civil e Ambiental do MIT, mas também com o CAU (traduzindo, o Centro para Urbanismo Avançado) do MIT, o que me proporcionou uma visão muito mais ampla do meu projeto, saindo um pouco do olhar exclusivamente técnico da área de engenharia.
E como pessoa?
Novamente, a exposição a pessoas vindas de diferentes partes do mundo (convivi com chineses, espanhóis, indianos, americanos, mexicanos, japoneses) me trouxe contato com a cultura de diversos países (comida, costumes, hábitos, etc.). Outro aspecto que me deixou animado foi a constatação de que os alunos da UFMS que levam seus estudos a sério possuem perfeitas condições de estudar no MIT. A grande diferença entre a situação deles e a nossa é que lá eles possuem uma estrutura muito mais preparada para desenvolver seus projetos e talentos, o que, na minha visão, se deve muito ao fato de trabalharem muito próximos a empresas privadas que desenvolvem tecnologia (Google e Microsoft possuíam prédios literalmente do outro lado da rua do prédio onde eu realizava meus experimentos). As empresas e o MIT se veem como parceiros e aliados, e não como inimigos (como muitas vezes é o caso aqui no Brasil).
Você, e o seu grupo de pesquisa, continuam interagindo com o Nepf Lab do MIT. Conte-nos um pouco acerca disso.
Acredito que este seja o quarto ano da nossa parceria com o Nepf Lab. Posso dizer que o laboratório de CFD foi peça fundamental na minha ida para lá. Desde a concepção do laboratório, o professor Johannes Gérson Janzen, coordenador do laboratório, sempre buscou a interação com instituições de ponta de fora do país. Hoje, além desta parceria com o MIT, temos parceria com a Universidade de Dresden na Alemanha e a Universidade de Auburn nos Estados Unidos. No nosso laboratório acreditamos que essa interação com pesquisadores de fora do país traz benefícios únicos tanto profissionalmente quanto pessoalmente.
Manoel, para terminar. Quais conselhos você daria para o aluno que deseja realizar pesquisa de alta qualidade?
Um conselho bem direto: pesquisa de relevância é feita em inglês. Não importa se você desenvolveu um projeto que vai livrar o mundo da dependência dos combustíveis fosseis (aturem o meu exagero por um momento) e o publicou em um artigo; se esse artigo não for em inglês, pouquíssimas pessoas irão sequer se dar ao trabalho de procurá-lo (que dirá lê-lo). Procure olhar para a língua inglesa não como uma barreira, mas sim como uma ponte que permita que você chegue a cientistas de qualquer parte do mundo.