Doutorando do PGTA concede entrevista sobre seu período na UNESCO/ILCA
Hugo Henrique de Simone Souza acabou de retornar da Europa onde se envolveu com atividades na cátedra da UNESCO de mudanças climáticas e ciclo de vida bem como na academia internacional de ciclo de vida. Ele faz parte do Programa de Pós-Graduação em Tecnologias Ambientais (PGTA) da UFMS e realizou parte de seu doutorado na Catalunha. Hugo está usando Avaliação de Ciclo de Vida (ACV) e análise econômica para avaliar sistemas de tratamento de efluente doméstico, a fim de discutir questões como segregação do efluente e escala dos sistemas, e com isso contribuir nos processos de planejamento e tomada de decisão. No Brasil, o projeto é orientado por Marc Árpád Boncz; na Espanha, o doutorando é orientado pelos professores Bo Weidema, Pere Fullana e Ivan Muñoz. De volta ao Brasil, ele continua realizando seu trabalho e compartilha com a comunidade acadêmica e profissional parte de sua experiência na entrevista a seguir.
Qual foi seu objetivo neste tempo na UNESCO/ILCA?
Complementar minha pesquisa diante das ferramentas metodológicas providas pelo grupo de pesquisa bem como desfrutar da vasta experiência dos professores envolvidos. Neste período, fui o único doutorando que estava trabalhando com águas residuais, fazendo com que eu assumisse uma grande responsabilidade dentro do grupo, já que era muito comum a realização de seminários e discussões.
Qual foi o seu aspecto favorito nesta estadia?
O contato com uma instituição renomada de forma que pude desfrutar de toda sua infraestrutura bem como da experiência do grupo de pesquisa. É muito desafiante quando temos que sair de nossa zona de conforto para conquistar a confiança e o respeito de novas pessoas, e esse desafio me trouxe muito aprendizado.
De que forma esse período na UNESCO/ILCA ajudou na sua formação como pesquisador?
Pude aprender muito em cursos, palestras, visitas técnicas e trocas de experiências entre os alunos e professores. Especificamente participei do curso na Dinamarca de ACV consequencial, social e uso da terra; participei do curso do GaBi (software de ACV); participei da semana intensiva de produção de papers da UNESCO; visitamos duas plantas de reciclagem de resíduos sólidos de grande porte; e assisti uma palestra sobre “água: passado, presente e futuro”. Além disso, a dinâmica do grupo em realizar semanalmente seminários contribuiu bastante para o amadurecimento dos meus papers e também para que a cada dia eu me sentisse mais seguro em lidar com o meu tema de pesquisa em outro idioma.
E como pessoa?
Tive a oportunidade de conhecer um pouco da cultura local o que foi bastante enriquecedor e gratificante, além de viajar para lugares incríveis. Fiz muitos amigos de diversas partes do mundo e treinei bastante outros idiomas, já que dentro do ambiente universitário o idioma oficial era o inglês, mas no dia a dia na cidade pude aprender o Espanhol que eu não havia pensado antes em me aprofundar, o que também foi bastante positivo.
Você, e o seu grupo de pesquisa, continuam interagindo com a UNESCO/ILCA. Conte-nos um pouco acerca disso.
O prof. Pere Fullana, atual diretor do escritório da UNESCO de Barcelona, se tornou meu co-orientador de pesquisa, e com isso, ainda estamos em contato direto para discussões a respeito dos artigos que estou escrevendo. Além disso, os professores Bo Weidema e Ivan Muñoz continuam contribuindo me sugerindo highlights nos resultados. Por fim, ainda continuo participando dos seminários com os doutorandos do grupo mesmo que via Skype. Estes contatos são muito importantes pois conversamos inclusive sobre a possibilidade de realização de um pós-doutorado, no caso de conciliarmos a disponibilidade da vaga e o interesse conjunto.
Hugo, para terminar. Quais conselhos você daria para o aluno que deseja realizar pesquisa de alta qualidade?
Principalmente em função do momento de crise político-econômica em que estamos passando eu sugiro que persistem nos seus objetivos pois é diante das dificuldades que temos a capacidade de sobressair. A realização do doutorado sanduiche para mim foi uma representação clara disso já que eu tive que insistir por anos até conseguir a bolsa. De forma geral é isso, fico à disposição caso alguém tiver alguma dúvida específica ou quiser falar mais sobre o assunto, e mais uma vez gostaria de agradecer ao PGTA, ao prof. Johannes e aos meus orientadores de pesquisa!